https://media.graphassets.com/Yq0pqmGRSNKiCrhWeRjH
10 janeiro 2022

Open Insurance no Brasil

Para revolucionar a relação entre seguradoras e consumidores, o Open Insurance chegará ao Brasil. Isso se deve ao fato de o Open Banking já ter alcançado o sucesso no setor bancário.

A expectativa é que o mundo fique cada vez mais democratizado ao que se refere aos dados, o que garante a troca de bases dentro dos setores e mais transparência para os que consomem.

Assim como o Open Banking foi para o setor bancário, o Open Insurance será para o setor de seguros.

O previsto é que o ecossistema do Open Insurance possua compartilhamento e circulação de dados entre seguradoras, para desta forma viabilizar uma maior quantidade de ofertas de serviços e produtos aos consumidores. A segurança digital é, sem dúvida, uma garantia, visto que os dados só serão compartilhados mediante autorização do usuário.

BigTechs já têm os recursos para obter os dados de que precisam ou podem desenvolver proxies de dados a partir dos dados que já possuem, de modo que as obrigações de compartilhamento de dados possam ser vistas como tendo o maior benefício para as PME (pequenas e médias empresas) e novos participantes.

O que é Open Insurance?

Criado recentemente, o projeto Open Insurance, está incluído em um conceito muito mais amplo que seria o Open Finance que é um ecossistema integrado e completo, atualmente conta com o Open Banking e, contará no futuro, com o Open Investments.

A ideia central é promover um mercado aberto, no caso do Open Insurance, um mercado de seguros aberto. Cabe à SUSEP, instituição reguladora do setor de seguros, aprovar a troca de informações entre as seguradoras e outras áreas do setor.

De forma simples, a definição pode ser entendida como um conjunto de regras e ações que possuem como principal objetivo abrir o mercado de seguros a fim de inovar mantendo sempre a segurança digital.

A proposta do Open Insurance promete maior transparência em seus processos, e acima de tudo, a inclusão financeira visto que as propostas passam a ser flexibilizadas de acordo com o cliente. Outro ponto a salientar é que a concorrência tende a ser maior, o que provoca a redução dos preços que amplia, consequentemente, o número de consumidores, tendo em vista que os novos preços possibilitam alcançar uma nova classe consumidora.

Cada consumidor é proprietário de seus próprios dados/informações, o que o dá o poder de escolher se a seguradora contratada poderá ou não compartilhar seus dados. O aceite por parte do consumidor possibilita o oferecimento de propostas melhores.

Todo esse compartilhamento de dados seria feito de forma segura, precisa e ágil, o que a torna conveniente. Por meio da abertura e integração de sistemas, a privacidade e a segurança são garantidas, o Open Insurance operacionaliza e padroniza a transmissão de dados a fim de garantir benefícios aos consumidores.

As informações transmitidas não se limitam aos produtos, mas sim a todas as transações e posições que os clientes podem vir a ter nas seguradoras. Além disso, dentre as funcionalidades oferecidas está a possibilidade de agregar e comprar ofertas de diferentes seguradoras, facilitando a tomada de decisão do consumidor.

Segundo o Susep, outra funcionalidade será a possibilidade de acesso automatizado ao atendimento especializado, o que provê mais conhecimento para os consumidores. Com isso os brasileiros terão mais autonomia quanto ao entendimento de suas posses e comparações de preços de mercado.

A implementação

Segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep) a implementação será realizada em 3 fases:

1° Fase: No dia 15 de dezembro de 2021

Nesta fase os dados dos clientes ainda não serão divulgados, mas sim os dados de produtos das grandes empresas de seguros, como por exemplo, preços, tipos de ofertas e condições na negociação.

2° Fase: Etapa está prevista para iniciar em 1° de setembro de 2022.

Aqui os consumidores poderão escolher se seus dados serão ou não compartilhados. Caso seus dados sejam compartilhados, as seguradoras terão o poder de solicitar as informações de contato para a seguradora contratada, a fim de contatar o consumidor com uma nova oferta.

3° Fase: Começa em 1° de dezembro de 2022

Nessa fase as empresas participantes do Open Insurance poderão iniciar os contatos com os clientes a fim de otimizar a experiência do cliente com a instituição.

Estrutura de Governança

Conforme a regulação prevê, a estrutura de governança em formato inicial deve ser estabelecida até o dia 03 de setembro de 2021, sendo que sua forma definitiva deverá ser estabelecida até 31 de outubro de 2022.

A estrutura deverá obter, no mínimo três, níveis:

  • Estratégico: que se integra por um Conselho Deliberativo,
  • Administrativo: que se integra por um Secretariado,
  • Técnico: que se compõe por Grupos Técnicos.

Benefícios

  • Maior autonomia ao consumidor, visto que as decisões podem ser tomadas com base em maior conhecimento. Pode ser considerado uma transferência de poder das seguradoras aos clientes.
  • Maior competitividade, o que garante preços acessíveis.
  • Maior transparência
  • Relacionamento cliente - seguradora otimizado
  • Adaptação de produtos e serviços
  • Maior distribuição de serviços e produtos.

O impacto no mercado de seguros

Falando de futuro, o impacto direto se dá na modernização da área de seguros em geral. Com toda a digitalização, cada vez mais o setor passa do tradicional para o moderno, ou seja, passam a ter contato direto com o cliente por meios digitais. Tal modernização se mostra essencial, visto que vários estudos mostram que a maioria dos clientes julgam empresas que se dizem ligadas a tecnologia e a inovação mais atraentes.

Por que começar o Open Insurance neste ano?

Vários fatores induziram o início do desenvolvimento do Open Insurance esse ano, tais como:

  • Demanda de clientes: Cada vez mais a experiência digital é procurada, assim como a necessidade de mais informações e transparência.
  • Opinião pública: O mercado segurador ainda é considerado complexo por muitas pessoas, há necessidade da democratização do conhecimento desse assunto. Com o Open Insurance a expectativa é de maior acessibilidade do mercado ao cliente. Afinal o seguro possui característica de proteger financeiramente as pessoas em momentos de fragilidade
  • **Investimentos: **O potencial de investimento é alto, por exemplo, a oferta de produtos de previdência mais sofisticados aliados aos juros baixos atraiu interessados em investir. A prova disso é que no primeiro semestre deste ano a captação líquida foi de R$16,4 bilhões pela previdência complementar aberta (formada basicamente por planos dos tipos PGBL e VGBL). Tal valor representa um crescimento de 42% comparada à quantia captada no mesmo período do ano anterior, que foi de R $11,5 bilhões, segundo dados divulgados pela FenaPrevi.

Desafios

Com o desenvolvimento do novo cenário, os desafios ainda estão sendo endereçados. Podemos citar alguns como

  • O alto nível de tecnologia para assegurar a segurança digital
  • Denso fator regulatório, infraestrutura
  • A integração de sistemas, para o mercado trabalhar de forma única é necessário a padronização por meio de APIs, que é como uma ponte de conexão para sistemas diferentes.
  • Por mais que a portabilidade, que é um fator do Open Insurance, já se aplique a adesão popular ainda pode ser um desafio. Em um mercado com mais de R $1 Trilhão em reservas, cerca de 3% das pessoas usam a portabilidade ao ano. Ou seja, 97% das pessoas não têm ideia se os produtos comprados a muito tempo ainda fazem sentido no seu dia a dia e suas necessidades.

Riscos:

O compartilhamento de dados setoriais ou intersetoriais pode ser considerado com diferentes níveis de intervenção regulatória e de supervisão. Os possíveis riscos (e, consequentemente, as salvaguardas necessárias) também estão relacionados ao "nível de abertura" real (por exemplo, quais dados são compartilhados) e as partes que terão acesso aos dados em quais condições.

No entanto, alguns potenciais riscos podem ser listados:

  • Segurança de dados e riscos cibernéticos.
  • Interoperabilidade.
  • Questões éticas e riscos mais amplos de proteção ao consumidor.

A coleta e o compartilhamento de dados sobre apólices de seguro ou outros dados abertos relacionados a seguros podem revelar informações confidenciais sobre saúde, sexualidade e pontos de vista políticos ou outros detalhes pessoais de uma pessoa.

O aumento do compartilhamento de dados, especialmente se combinado com ferramentas de inteligência artificial / aprendizado de máquina, também pode aumentar a exclusão financeira, que é o oposto do objetivo traçado.

Poderia também levantar a questão da igualdade de condições (por exemplo, a questão da igualdade de acesso aos dados para todas as empresas / mediadores de seguros, incluindo as pequenas e / ou através da reciprocidade na partilha de dados dos consumidores entre todos os participantes no mercado).

Adicionalmente, o seguro é complexo em sua natureza e varia por ramos de negócios e por produtos, que também podem ter diferentes graus de concentração e heterogeneidade.

Consequentemente, as economias de escala necessárias para realizar todo o potencial do seguro aberto poderiam desenvolver-se em ritmos diferentes em diferentes linhas de negócios e produtos.

Gostou de saber mais sobre as tendências do mercado de seguros?

Veja o paper sobre Open Insurance

Acompanhe o blog da Onli!

Até a próxima.

Muito obrigado por ler e, se você ainda gostou, sinta-se livre para compartilhar!